Com Susana Barros
Rita Ladeiro (técnica do Museu do Porto / CMP, investigadora, mediadora cultural e gestora de coleções)
Maria de Fátima Lambert (curadora, investigadora e professora na ESE/PP)
M/ 12
Duração: 1h
*Programação: Maria de Fátima Lambert e Rita Ladeiro
Conversa gratuita, mediante aquisição de bilhete para entrada no Museu.
Curiosidades e saberes sobre as mulheres trabalhadoras na pintura de Abel Salazar na Coleção Gramaxo.
Independente e sem educação formal, Abel Salazar experimentou múltiplas disciplinas artísticas, algumas das quais inéditas no nosso país. Analisou a obra de artistas, nacionais e estrangeiros, e procurou esclarecer o processo criativo da arte.
O desenho que produziu surge em múltiplos papéis, de diferentes origens e qualidades, desde papeis timbrados de hotéis, a versos de documentos, passando até por livros impressos; e faz-se de materiais como o carvão, o lápis, a tinta-da-china, a tinta para escrita, a aguarela e o óleo, usados, por vezes, de forma combinada. Nesse longo e fértil capítulo da sua produção artística retratou, sobretudo, a figura feminina, em jeito de reportagem ou num “instantâneo”, em contexto laboral (no campo, no mercado, numa loja ou num bar, por exemplo), nacional e estrangeiro, ou ocioso como as tânagras parisienses dos anos 30. Muitos desses desenhos eram apresentados publicamente sobre uma vulgar cartolina preta, e ostentam buracos e marcas de queimadura de cigarro, resultantes do vício que ditou a sua morte precoce aos 57anos de idade, por cancro de pulmão. — Susana Barros
Popularizado pelos seus óleos figurativos, que traduzem o gosto pelo claro-escuro barroco e pelos movimentos impressionista e tardo-naturalista, foi também entendido, por alguns, como o pioneiro, entre nós, do neorrealismo pictórico, na temática e sensibilidade humanista. Pintou aguarelas a partir da meninice e fez caricatura desde os tempos de estudante, sendo grandemente influenciado pelo caricaturista e ilustrador francês Honoré Daumier (1808-1897). Nos anos 1920, começou a criar gravuras, num prelo improvisado até adquirir uma prensa em Paris, tornando-se ‘caçador’ de paisagens e retratos em diversas modalidades. Também fez litografia. Fugazmente moldou o barro e compôs gessos patinados, reproduzindo em bustos-retratos personalidades do seu círculo de amizades e vultos da Cultura e da Ciência. Criou ainda cobres martelados, que esculpia e depois patinava a fogo. Nos anos 30 e 40 alcançou, finalmente, o reconhecimento público como artista plástico.
Susana Pacheco Barros (1973-) nasceu e vive em Vila Nova de Gaia. É licenciada em História de Arte (1995), pós-graduada em História Moderna e Contemporânea (2000) e História da Cidade do Porto (2004), pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e especialista em Artes pelo Politécnico do Porto (2020).
Desde 2008 colabora com a Reitoria da Universidade do Porto, primeiro na Unidade de Gestão de Informação, depois renomeada Unidade de Gestão de Documentação e Informação, e desde 2019, na Unidade de Cultura, sendo atualmente coordenadora executiva e cultural da Casa-Museu Abel Salazar (CMAS). Nesta instituição museológica desenvolve, divulga e promove programação cultural e educativa, fomenta novos estudos relativos à vida e obra seu do patrono, e gere a infraestrutura e os seus recursos. No âmbito da Unidade de Cultura também produz e atualiza conteúdos para as plataformas digitais da Universidade do Porto, assume o serviço educativo e de mediação cultural das exposições da Casa Comum e da Biblioteca do Fundo Antigo, e orienta visitas ao edifício histórico /Reitoria, e área envolvente, para públicos preferenciais da Universidade do Porto. É ainda colaboradora da Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico do Porto (desde 2007), e vice-presidente do Instituto Sénior da Foz (2020). Colaborou no processo de Candidatura do Alto Douro Vinhateiro a Património Cultural da Humanidade (2000). É autora do livro “A cidade dos Almadas. Das reformas pombalinas à véspera das Invasões” (2010) e coautora, entre outras obras, dos inventários patrimoniais dos concelhos do Douro Sul, do Douro Norte e da Terra Fria Transmontana (1996-2005) e do livro Douro, Rotas Medievais (edições de 2000 e 2006).