3 Fev ▷ 21 Jul 2024
Sábados e Domingos 11H—19H00
CURADORIA de Maria de Fátima Lambert
COM — Beatriz Horta Correia — Cristina Ataíde — Fátima Carvalho — Fernando Marques de Oliveira — Filipe Romão — Francisco Laranjo — Graça Pereira Coutinho — Graça Sarsfield — Lucia Vallejo — Luís Silveirinha — Martinha Maia — Martinho Costa — Susana Piteira — Wanderson Alves — Zulmiro de Carvalho
Uma caminhada sem sentido único, entre as múltiplas paisagens criadas por quinze artistas e absorvidas para o interior do museu.
De dentro para fora e de fora para dentro: quase parecem frases, herdadas de Hermes Trismegisto, a sustentarem ideias circulares que nos fazem pensar no tempo. O tempo cíclico que subsiste em Aión, um dos três deuses do Tempo na Mitologia Grega, ladeando Kairós e Kronos. As coisas poéticas transmutam-se na alquimia da perceção estética, para gáudio dos visitantes e dos residentes de Arte.
As obras pensadas convertem-se em objetos de fruição, reunidas sob égide de cores vistas de dentro para fora. O movimento quieto que faz ver de dentro para fora assume aceções diferenciadas, quando se pensa numa exposição alojada na Fundação Gramaxo, ocupando as salas desenhadas pelo Arquiteto Siza Vieira.
Quem olha para além dos muros, que ladeiam o grande edifício geométrico, não adivinhará as pérolas artísticas que nele se guardam e albergam. Por um lado, a magia do colecionismo de Maria de Fátima Gramaxo, num leque variegado de tipologias, entre pinturas, aguarelas e peças de artes decorativas, assim instituindo uma viagem no tempo. Os eixos conceituais estão fidelizados à experiência proporcionada pela visita caminhada na Fundação, considerados os edifícios e a envolvência natural e paisagística.
Há ainda que ponderar a consciência de fora para dentro: a arquitetura inscrita na paisagem – a casa senhorial e edificações agrícolas; a pluralidade dimensionada dos organismos que perduram e na sua revitalização natural. De dentro para fora: a convivência de cronologias plasmadas no acervo – a que se aludiu antes – proclamam as sinergias artísticas e patrimoniais que gerações, suas lembranças pessoais e memórias culturais guardam, projetando-se para futuros. As peças da Coleção, são mostradas em segmentos específicos, constando na exposição de longa duração. Nela se vislumbram gostos e afinidades estéticos de que nos aproximamos.
Consentimo-nos, deixamo-nos perscrutar pelos universos díspares de outrem, da Colecionadora, quer pelas evidências dos objetos antigos, quer pela missão que assumiu, pela partilha e incentivo, na dinamização do presente futuro da ARTE. O que se avizinha e o que nos distancia? Os conhecimentos e as sensibilidades suscitam novas conversas entre formas, cores, volumes, linhas e perspetivas retratadas entre a bidimensionalidade e o escultórico.
Fora vemos a vegetação diversificada – espontânea e regulada; o tanque e sua linha de água que aprofunda o horizonte; a cidade que se avista e é convidada a entrar. Dentro absorvem-se as ideias visíveis que se enriquecem por tudo aquilo que se intui para fora: os contributos de 15 artistas - Beatriz Horta Correia; Cristina Ataíde; Fátima Carvalho; Fernando Marques de Oliveira; Filipe Romão; Francisco Laranjo, Graça Pereira Coutinho; Graça Sarsfield; Lucia Vallejo; Luís Silveirinha; Martinha Maia; Martinho Costa; Susana Piteira; Wanderson Alves e Zulmiro de Carvalho - viabiliza frutíferas caminhadas internas pelos corredores e salas da exposição.
As obras escolhidas demonstram focagens singulares sobre os eixos mencionados: a Natureza através das suas Matérias [Graça Pereira Coutinho, Martinha Maia] e Substâncias Alquímicas [Lucia Vallejo, Susana Piteira]; a Paisagem Efabulada ou Realista [Filipe Romão, Luís Silveirinha, Martinho Costa] ou cativada na Iconografia [Fátima Carvalho]; arquitetura [Fernando Marques de Oliveira]; as Geometrias Volumétricas [Francisco Laranjo e Zulmiro de Carvalho], assim como Evidências Comunitárias (breves episódios que emergem) [Wanderson Alves]; os dinamismos leves nascidos pelo Desenho Subtil [Cristina Ataíde, Beatriz Horta Correia] e os segmentos de um Mundo Habitado [Graça Sarsfield]. Eis as cores vistas de dentro para fora que nos invadem de fora para dentro. É A VISTA, É A VIDA nascendo, diria Clarice Lispector. — Maria de Fátima Lambert
Bilhetes na recepção do Museu ou online.
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